Tu és uma boa série, Jessica Jones

Afinal quem é Jessica Jones? Era esta a questão que me atormentava, sempre que lia algum comentário acerca da nova série da Marvel e da Netflix. Sim, eu desconhecia esta personagem. Um erro que tratei de remediar nos últimos dias.

Tenho que dizer que a minha vontade em conhecer Jessica Jones era pouca. Muito pouca, aliás. Para além de desconhecer o background da personagem, não estava muito virado para uma série de super-heróis. Aconteceu o mesmo com Daredevil e com The Flash.

Se bem que tenho visto esporadicamente The Flash na televisão e não tenho achado particularmente grande coisa. De Arrow tenho a mesma opinião.

Eu sei que Arrow e The Flash pertencem à DC Comics, mas admito que me influenciaram negativamente quanto a Daredevil e Jessica Jones.

Mas lá dei o salto de fé, influenciado por ilustres colegas da blogosfera e das interwebs. E caramba, acho que mereço ser chicoteado algumas vezes, por ter achado que ia ser um sacrifício ver a série e por me ter esquecido que a Marvel sabe o que anda a fazer.

Pôrra, a Marvel sabe mesmo o que anda a fazer!

Jessica Jones não tem nada a ver com The Flash ou Arrow. Lamento ter feito a comparação. Eu sei que ela só existe na minha cabeça, mas enfim.

É uma série bastante negra e violenta, com um tom depressivo até.

Em termos redutores, se calhar, pode-se dizer que é uma série adulta, para adultos. Um thriller psicológico muito forte e pesado. Não existem os feitos heroicos comuns aos super heróis, nem os momentos clássicos em que se salva o dia.

Quer dizer, até existem, mas são abordados de uma outra forma por Jessica Jones.

Na verdade, Jessica Jones é uma espécie de anti heroína, que procura apenas sobreviver após uma experiência traumática com Killgrave, o vilão da série. Para isso trabalha como detetive privada, procurando os podres das pessoas e ganhando dinheiro com isso. Ao mesmo tempo, tenta esquecer a sua relação com Killgrave, um homem diabólico que tem a capacidade de controlar a mente de quem quiser.

Jessica Jones foi uma das vítimas de Killgrave e fez coisas que a marcaram, nomeadamente ter morto uma mulher a seu pedido, sofrendo do clássico stress pós traumático e é, de certa forma, esquisito vermos um super herói de banda desenhada com demónios que a assombram a todo o momento.

A influência de Killgrave na vida de Jessica Jones é tão palpável, que nem é preciso vermos o homem no ecrã da tv nos primeiros episódios, para ficarmos a saber que ele é extremamente perigoso.

Claro que a certa altura, Killgrave arranja maneira de entrar na vida da detetive privada mais uma vez. Afinal de contas, o homem está apaixonado por ela. Uma paixão doentia e obssessiva, devo dizer.

É ela que ele quer e vai fazer tudo para o conseguir. E se a vida de Jessica Jones já era deprimente o suficiente, então a partir daí torna-se negra. Muito negra.

É ótimo quando se deixa um bocadinho a megalomania das grandes produções de super heróis da Marvel, para entrarmos num universo mais intimista. Aqui, Jessica Jones sente-se responsável por cada morte, ficando afetada psicologicamente. Killgrave sabe-o e joga com isso de forma brilhante, em jogos doentios.

E essa fragilidade mundana de Jessica Jones, uma rapariga com super força, acaba por criar laços com quem está a ver. Damos por nós a torcer por ela, apesar de todo o seu mau feitio.

Para essa ligação funcionar, seria necessário uma boa atriz. Krysten Ritter está à altura do papel e dá uma grande interpretação, muito sensível, com o leque de emoções na dose certa. Do outro lado do espetro, temos um David Tennant igualmente excelente como Killgrave. Um dos melhores vilões que já vi numa série, arrisco em dizer.

Já me alonguei demasiado, pelo que me resta dizer que Jessica Jones é uma ótima série. Lá para o fim, pareceu-me ter alguns momentos mais questionáveis e um ou outro arco narrativo desnecessário, mas no geral é muito coerente. Ainda bem que dei o salto de fé!

Agora estou pronto para Daredevil!

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