Hypatia é uma filósofa determinada, apaixonada por astronomia e dotada de um espírito crítico e racional. Apesar de ter nascido numa época conturbada religiosamente, Hypatia passa os seus dias na grandiosa biblioteca de Alexandria. Contudo, com a recente ascensão do Cristianismo, a vida da filósofa começa a correr perigo, pois os fundamentalistas começam a perseguir os seus “inimigos”, entre eles, os Judeus e as mulheres.
Agora é uma super produção espanhola, realizada por Alejandro Amenábar, que contou com uns impressionantes 70 milhões de euros de orçamento! Apesar de todo o dinheiro envolvido, o filme não envereda por caminhos comerciais, como é apanágio de muitos filmes feitos em Hollywood. É um filme de autor, e isso reflecte-se na condução da narrativa.
Narrativa que se divide em três, isto é, acompanhamos um triângulo amoroso, conflitos religiosos da altura e os avanços na astronomia por parte de Hypatia. O triângulo amoroso é o menos destacado dos três, mas igualmente importante para a conclusão da trama. E um dos problemas de Agora é a maneira como tudo é interligado, pois Amenábar quer abordar tanto, que algumas vezes fica a sensação de um “encher chouriços” no ar.
A cidade de Alexandria é cuidadosamente recriada. O visual é absorvente e nem a maravilha do mundo, O Farol de Alexandria, é descurado. Contudo, achei exagerados os planos aéreos do realizador. Bastava uma ou duas vezes o mesmo plano, para ficarmos com a noção de quanto pequeninos nós somos. Mas, no geral, a realização é segura.
Este Agora vale sobretudo pela coragem com que Amenábar abordou o fundamentalismo inerente ás religiões. Hypatia, uma mulher à frente do seu tempo, e a biblioteca de Alexandria que albergava um ”mundo” de conhecimento, foram destruídas pela ignorância, maldade e extremismo de pessoas que querem impor um tipo de religião à força. Rachel Weisz é a grande estrela da produção, mas não posso deixar de salientar a poderosa actuação de Max Minghella.
Em suma, posso dizer que a fita agradou-me. Apesar de por vezes achar existe algum floreado desnecessário, não posso negar que gostei de conhecer Hypatia e da abordagem do realizador nas religiões como barreira ao avanço do conhecimento de antigamente. A dar uma espreitadela.
De Positivo: Rachel Weisz. A recriação de Alexandria. A abordagem ao fundamentalismo religioso.
De Negativo: Alguma palha no argumento. Excesso e repetição de planos por parte de Amenábar.
Cada vez gosto mais das tuas análises! Cada vez mais completas com pormenores que todos eles acho importantes e por isso espero vê-los nos próximos artigos!
Entretanto, gostaria de novamente “bater” no mesmo assunto: É preferível qualidade que quantidade. Por isso, prefiro esperar e ver artigos assim com esta qualidade.
Parabéns.
Abraço,
Claudio Novais.
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Muito Obrigado, Cláudio! Fico contente com as tuas palavras.
Ainda bem que “bates” no mesmo assunto. Faz-me reflectir bastante. Vou tentar continuar com este tipo de artigos.
Abraço.
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