O Ninho da Águia de Fogo

Cratera PatomskiyEm Agosto de 1949, o geólogo Vadim Kolpakov estava longe de imaginar que iria fazer uma descoberta que iria surpreender os cientistas, e permanecer um mistério, por mais de 6 décadas.

Kolpakov tinha como tarefa desenhar um mapa geológico da zona norte de Irkutsk, área que fica na Sibéria. Nessa sua “aventura”, por um terreno ainda não muito conhecido, o geólogo, quando chegou à zona mais a norte, confrontou-se com lendas locais sobre um local misterioso e maldito, bem no interior dos bosques.

Vadim Kolpakov
Vadim Kolpakov

Os nativos da região chamavam-lhe “O Ninho Da Águia de Fogo” (Fire Eagle Nest). Diziam que o local era maligno, que as pessoas se sentiam mal perto dele e que algumas desapareciam. Das que desapareciam, algumas reapareciam mais tarde mortas. Segundo eles, nem os veados se atreviam a aproximar-se do local.

Kolpalkov não se deixou impressionar pelos contos, e decidiu prosseguir a sua tarefa.

Ao subir uma colina, ficou chocado com o que viu. No meio das árvores, erguia-se um monte gigantesco. Um formação tão estranha, como sensacional.

De onde eu estava, parecia um monte de resíduos de uma mina, só que esbranquiçados. Até pensei, onde estão os trabalhadores? Não existiam nenhuns campos de trabalho na área. A não ser que fossem muito, muito secretos.

O meu segundo pensamento, é que era um local arqueológico. Mas, apesar de terem o meu respeito, os nativos locais não eram como os antigos egípcios. Eles não conseguiriam construir pirâmides de pedra e não teriam os recursos humanos, nem o conhecimento científico necessários.

Decidiu aventurar-se pelo meio das árvores e aproximar-se, ainda mais, daquele monte estranho.

Aproximei-me, e percebi que a colina misteriosa não era o resultado de trabalho humano. Parecia uma totalmente redonda e perfeita boca de um vulcão, com uma altura de 70 metros. Mas os vulcões não apareciam naquela zona há vários milhões de anos. E a cratera parecia ser recente.

E continuou com as suas primeira impressões.

As árvores ainda não tinham crescido nas encostas e o vento ainda não tinha coberto a cratera com o solo. Estimei que aquela anomalia teria 200 a 250 anos. E um outro mistério, uma cúpula com uma cavidade circular, de 15 metros de diâmetro, aparecia no centro da cratera. Nos vulcões, até nos extintos, tais cúpulas não podem existir.

Cratera Patomskiy 2Primeira fotografia da cratera, tirada em 1971

Desde a descoberta deste local misterioso, várias teorias foram propostas. A cratera, com o aspeto de um ninho de águia como os nativos locais lhe chamavam, seria o resultado do impacto de um meteorito. Teria sido feita por uma civilização antiga. Era o resultado de atividade vulcânica. Ou ainda, seria obra de OVNIS.

Sergey Yazev, envolvido na expedição de 2005 disse:

Era de tirar o fôlego. O que poderia ter trazido “á vida” esta estranha formação. São 250 000 metros cúbicos de rocha subterrânea, trazida para a superfície, de uma forma muito regular e circular.

Pensamos que quando chegássemos lá, iríamos perceber imediatamente a sua origem, mas deixamos o local ainda mais confusos.

Na verdade, as várias descobertas feitas, ainda não possibilitaram uma teoria plausível. Aliás, têm aumentado o mistério em torno da cratera.

Uma delas foi a deteção de uma anomalia magnética, enterrada por debaixo do monte.

Cratera Patomskiy 4Vadim Kolpakov e a sua esposa. foto: The Siberian Times

Cratera Patomskiy 3A equipa de uma expedição feita em 2006. foto: The Siberian Times

O responsável pela descoberta, Alexander Dmitriev, presumiu que a 150 metros de profundidade, poderá encontra-se ferro, ou algum material parecido.

Investigações levadas a cabo por um perito em física e ciências matemáticas, sugeriram que a formação tenha ocorrido quando um objeto cilíndrico, feito de um material muito denso, tenha embatido naquela zona. Disse na altura:

Na Terra, este material não está disponível mas, algures no espaço, talvez.

Não se sabe se realmente existe algum objeto cilíndrico, ou ferro, ou algum material parecido no interior, uma vez que não foram feitas nenhumas escavações. São especulações apenas.

Foi também encontrada uma anomalia estranha nas árvores daquela zona. Investigando a idade das árvores mais velhas, que se encontram nas colinas da cratera, os investigadores chegaram à conclusão que a formação teria cerca de 250 anos. Tal como Kolpakov tinha dito.

Cratera-Patomskiy-5Dentro da cratera com um homem a servir de escala.

E, nas árvores com mais de 200 anos, foi descoberto, através dos padrões dos anéis circulares, algumas anomalias, como o seu rápido crescimento. Esse crescimento manteve-se por 40 anos, até reduzir-se drasticamente.

Professor Voronin, um dos envolvidos,  disse:

Conheço apenas um sítio, com um caso similar. Em Chernobyl, quando ocorreu o desastre e, devido aos níveis elevados de radiação, o crescimento das árvores aumentou drasticamente. Os níveis de radiação na cratera são baixos, mas, se calhar, a dada altura foram elevados.

O mistério aumentou. Nova teorias surgiram. A cratera teria surgido com um impacto de um meteorito radioativo? Alguma nave extraterrestre com um motor nuclear?

O que raio teria acontecido naquela zona, algumas centenas de anos atrás?

A hipótese largamente mais aceite hoje em dia, é que o monte surgiu de um vulcão a gás. O gás vai-se acumulando no interior, até que a certa altura ocorre uma explosão que eleva o solo. Depois, o gás começa a acumular-se novamente, até que nova explosão aconteça.

É um fenómeno possível, mas ainda assim altamente estranho. Ainda por cima, quando naquela zona não ocorreu em mais lado nenhum.

Cratera-Patomskiy-6

De qualquer maneira, O “Ninho da Águia de Fogo” permanece como um lugar misterioso. Ainda não se sabe muito bem o que realmente aconteceu por lá. O mais certo é ter ocorrido algum tipo de fenómeno natural, pois é difícil equacionar hipóteses que envolvam extraterrestres, ou qualquer tipo de fenómeno que não ocorra no planeta.

É pena que tem sido difícil encontrar financiadores para levar expedições á cratera. Isso tem-se revelado um obstáculo ao estudo e compreensão daquele local, tão fascinante e único.

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