Halloween II (1981)

Halloween II

Este é um dos filmes que parecem querer provar que as sequelas são sempre inferiores ao original. Não é que isso seja uma verdade universal, mas, caramba, Halloween II é bem inferior ao clássico de John Carpenter.

O filme começa bem. Gostei do facto se ser a continuação direta dos acontecimentos do primeiro, ou seja, começa exatamente onde o anterior terminou. O jogo do gato e do rato vai, portanto, continuar, na medida em que Michael Myers pretende terminar o seu trabalho sanguinário. A vítima sobrevivente, Laurie Strode, é transportada para o Hospital e ele faz o que qualquer psicopata faria: segue-a. No processo, vai matando pessoas.

Depois da bela surpresa de ser uma continuação direta e das boas possibilidades que isso poderia trazer, começo-me a aperceber que este Halloween não é bem igual ao anterior.

Mal ouço a icónica música a surgir no ecrã, franzo logo o sobrolho. É que esta música não é bem a mesma. Foi modificada, sintetizada e agora parece mais electro que outra coisa qualquer.

E, depois, apercebo-me que este Michael Myers também não é bem o mesmo. Para além de ser mais baixo e franzino, começa a perder a sua aura de mistério. Escreve em paredes com sangue, caminha lentamente por longos minutos, tornando-se numa caricatura do que tinha sido no filme original.

Lurie Strode também não é bem a mesma vítima. Passa a vida a rastejar pelos corredores do Hospital, enquanto troca de um estado catatonico para um estado normal conforme é útil para o avanço da história.

E, por fim, a realização também não é a bem a mesma. Já não temos o toque especial de John Carpenter, pelo que o filme perde, e muito, no ambiente e na atmosfera de suspense e terror.

É que, se no primeiro tudo funcionava porque tínhamos uma simplicidade em que o poder de sugestão era grande, aqui temos uma complexidade desnecessária (o twist em que se revela que Laurie é irmã de Michael Myers soa a falso) e mais gore, apenas pelo choque.

E a história tem bastante falhas. Coisa que estranho, uma vez que foi no argumento que Carpenter esteve mais envolvido. Um Hospital sempre deserto, em que o médico quando é apresentado está bêbedo? A sério? São tantos os momentos parvinhos, que quando vejo um desgraçado a escorregar no sangue de uma das vítimas de Myers, bater com a cabeça no chão e ficar KO, solto uma gargalhada.

Não era suposto isto acontecer!

Foda-se, Carpenter. Tu criaste uma personagem medonha num filme com um ambiente tenebroso. Criaste o papão, a bem dizer. Uma presença maligna que não vai embora. O monstro que está debaixo das nossas camas!

E depois decides torná-lo no Steven Seagal dos psicopatas? Que leva tiros atrás de tiros e no pasa nada? Que caminha em câmara lenta, com a faca esticada, enquanto as suas vítimas fogem? Michael Myers, aqui, é uma personagem genérica que não sei bem se está possuída pelo Satanás, se tem colete à prova de balas ou o diabo a quatro. Desinteressante e, sinceramente, pouco intimidante.

Aliás, à excepção do psicólogo (e mesmo esse, pouco se safa), as personagens deste filme são todas genéricas. Sem vida.

Concluindo, que isto já vai demasiado longo, Halloween II é um slasher mediano, claramente inferior ao original e a pior parte é mesmo o argumento. Quase tudo que fez do original um clássico do género, não existe aqui. Move along, portanto.

Halloween (1978)

Halloween

Decidi rever um dos filmes marcantes de John Carpenter, do género do terror, da década de 1970 e do cinema em geral. Ufa! Parece ser um exagero, mas na realidade não é.

Halloween, quando surgiu, tornou-se num expoente de um género que viria a ganhar imensa popularidade. Hoje em dia, está demasiado batido mas, na altura, o Slasher movie era quase um “por caminhos nunca antes navegado”. Pelo menos, daquela forma.

Pronto, talvez esteja a exagerar um bocadinho, mas a verdade é que Carpenter elevou a fasquia em 1978. Um bocadinho à semelhança com o que Christopher Nolan fez com Batman Begins.

A partir desse ano, o género nunca mais foi o mesmo. Halloween estabeleceu standards, deu origem a várias sequelas e criou uma personagem icónica.

A história ocorre no dia em que os mortos são celebrados com abóboras nas janelas, e crianças a pedirem chocolates porta à porta. Um dia, que se vai revelar terrorífico para uma pequena localidade dos EUA, pois um indivíduo (“a incarnação do mal”, segundo o seu psicólogo) após fugir do sítio onde estava preso, começa a satisfazer os seus desejos sanguinários.

A história é bastante simples, mas é conduzida magistralmente por Carpenter. Talvez exista um exagero na forma como se tenta fazer de Michael Myers um demónio à solta. Toda aquela aura de misticismo, especialmente exagerada pelo psicólogo, faz com que Myers se torne numa entidade quase sobrenatural.

Isso depois contrasta, quando ele aparece e começa a chacinar. Vemos que, na realidade, ele é apenas um humano psicótico. Um humano psicótico com muita força, é certo, mas ainda assim um humano.

Digo eu…

Por isso, não gostei muito do final. Sei que fica no ar implícito que o mal nunca morre e tal… Mas, tantos tiros! Hum…

Ah e Jamie Lee Curtis ainda estava um bocado verdinha neste filme.

De qualquer maneira, Halloween é espetacular na atmosfera. Carpenter trabalha muito bem com a câmara, sendo simples e eficiente na forma como aborda o assassino e como o vai mostrando. Vai aumentando a expetativa gradualmente, sem cair na tentação de passar o mais rapidamente possível à parte do esventramento.

Alguns momentos são terríficos. Por exemplo,  a cena em que Michael Myers se disfarça de fantasma, com os óculos da sua anterior vitima para enganar a sua próxima vitima, está tão demente, como genial.

Depois, temos uma banda sonora maravilhosa. Incrivelmente adequada e que, quase imediatamente, fica associada ao filme. É simples (mais uma vez) mas muito eficiente naquilo a que se propõe: elevar o clima de ameaça e suspense.

Achei engraçado, quando vi imagens do filme The Thing. Será que John Carpenter fazia ideia que, anos mais tarde, iria realizar o remake (que recomendo vivamente) desse filme? Malandro, o nosso Carpenter!

Halloween é, sem dúvida, um expoente máximo do cinema de terror. Com 36 anos, mantém-se fresco, auspicioso e audaz. Tem talvez um bocadinho de exagero, especialmente no final, mas isso é subjetivo. É na sua “simplicidade” que mais brilha e que, a bem dizer, é uma lufada de ar fresco comparativamente à maioria dos filmes modernos, feitos para a malta com problemas de atenção.

Não estamos a ver um filme. Estamos a assistir a um pedaço de história do cinema.

Halloween III: Season Of The Witch (1982)

Halloween III Season of the Witch

John Carpenter criou uma das personagens mais icónicas dos slashers, Michael Myers e uma dos franchises mais duradouros do género, Halloween. Após os acontecimentos finais de Halloween II, contudo, Carpenter pensou em fazer algo de diferente.

A ideia era deixar de lado Michael Myers, e passar a fazer um filme por ano, diferente do anterior, onde era contada uma história de terror ambientada na época do Halloween.

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The Thing (1982)

The Thing ( Veio Do Outro Mundo), é um clássico do terror e da ficção-científica de 1982 realizado por John Carpenter. Para além disso, The Thing é um dos filmes mais assustadores e medonhos dos anos 80 e talvez a grande masterpiece de Carpenter.

A sinopse é a seguinte: na Antárctida um grupo de homens vê-se confrontado com um extraterrestre capaz de assumir a forma do ser-vivo em que toca. O pior é que esse extraterrestre, enterrado no gelo durante 100 000 anos, não é propriamente amigável. Inicia-se uma luta pela sobrevivência em que qualquer um pode ser a coisa.

Carpenter vinha de alguns sucessos comerciais lançados no grande ecrã, mas este filme foi o seu 1º fracasso. Mais tarde o realizador disse que foi um erro lançar o filme ao mesmo tempo que o famoso filme de Steven Spielberg, ET, The Extraterrestrial. No entanto, com o passar dos anos tornou-se num filme de culto, apreciado e elogiado.

E devo dizer, com justiça! The Thing é uma experiência verdadeiramente aterrorizante. Lembro-me perfeitamente que quando o vi pela 1º vez (teria eu 11 ou 12 anos), tive tantos pesadelos que só passados alguns anos ousei rever. A realização de Carpenter é extremamente gráfica e opressiva.

Os efeitos especiais, apesar dos 27 anos, são qualquer coisa de impressionante! Não há CGI nenhum, até porque nem poderia haver, e no entanto, temos cenas absolutamente horríveis. Tripas, sangue a litros, corpos deformados. Tudo feito e animado exemplarmente. E tudo muito gráfico! Excelente!

Carpenter filma tudo com bastante mestria e torna o filme numa paranóia constante. É que não saber quem é quem, e quem poderá estar infectado é outra das mais valias da fita. Depois temos um elenco competente, com Kurt Russel no principal papel. A banda sonora, apesar de algo discreta, é muito boa.

The Thing é obrigatório para os fãs do género! Um filme que o tempo deu o seu devido reconhecimento. Um dos melhores dos anos 80. Recomendado!

Realizador: John Carpenter/1982

De Positivo: Os efeitos especiais são brilhantes. A realização opressiva e o ambiente de suspeita.

De Negativo: Alguns momentos que não envelheceram bem.

Clark: I dunno what the hell’s in there, but it’s weird and pissed off, whatever it is.

9/10

 

Filmes para o dia das bruxas!


Para quem deseja ver um filme adequado ao Halloween, que se comemora no dia 31 de Outubro, este vosso escriba decidiu compilar, e muito devido ao pedido do Cláudio num dos comentários que fez no blog, uma pequena lista com alguns filmes que, penso eu, são ideais para se verem na noite desse dia “maldito”.

A lista que se segue não segue nenhum padrão específico e, apesar da maioria deles não serem sobre o Halloween propriamente dito, penso que se enquadram bem no espírito dos fantasmas, almas penadas, mortos, sangue e terror!

Mwah ah ah ah ah!

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Encontros Mortais (parte II)

E se encontrasse um monstro/vilão do cinema na rua por volta da meia noite e com lua cheia? Que fazer? Fugir ou lutar? Fica aqui a segunda parte desses mesmos encontros que desejaria evitar a todo custo.

Michael Myers (1978)

Assassinou a irmã á facada aos 6 anos. É preciso dizer mais alguma coisa? Mesmo que tentasse fugir Michael Myers apanhar-me-ia só a passo, obviamente!

Ghostface (1996)

Adorei quando surgiu o primeiro filme da trilogia gritos. Achei o ghostface completamente original e demente. Não gostaria de vê-lo a correr desenfreadamente na minha direcção com a faca na mão e a tropeçar por tudo quanto é sítio, não.

Medeiros (2007)

Absolutamente terrorífica esta criança portuguesa. Alta, magríssima e com uma fúria incontrolável. Uma epidemia mortal seria culpa nossa. Afinal somos bons em alguma coisa!

Joker (2008)

Joker perguntar-me-ia se gostaria de saber como é que ele arranjou aquelas cicatrizes. Não importava a minha resposta porque iria saber á mesma… ou então sentir a lâmina á mesma! Why so serious?

T-Rex (1993)

Cinco toneladas de uma máquina assassina. Quais serias as minhas hipóteses de não terminar triturado pelas suas presas?

Encontros mortais (parte I)

E se encontrasse um monstro/vilão do cinema na rua por volta da meia noite e com lua cheia? Que fazer? Fugir ou lutar? Fica aqui a primeira parte desses mesmos encontros que desejaria evitar a todo custo.

The Thing (1982)

Caraças como fiquei perturbado quando vi este filme pela primeira vez. Tinha uns 10, 11 anos e nunca tinha presenciado tamanho terror na miha vida. Certamente que detestaria ter de me cruzar com esta coisa.

Xenomorfo (1979)

Se tivesse um encontro com um xenomorfo, preferia uma morte rápida a servir de incubadora a um dos seus descendentes! Decididamente uma das criaturas mais fascinantes e assustadoras do cinema.

Predador (1987)

O predador tinha aquele ar cool de guerreiro. Quando tirou a máscara revelou-se um grande ugly motherfucker. A minha grande preocupação seria a sua opção de se auto-destruir, caso o enchesse de porrada num combate mano a mano.

Hannibal Lecter (1991)

Se calhar prezo demasiadamente o meu corpo para ter que servir de jantar a um canibal com um QI bastante alto.

Tremors (1989)

Podia subir para um carro ou um muro que os graboids não queriam saber. Onde estaria seguro? Esta toupeira gigante seria um adversário de respeito caso o encontrasse na rua. Teria que disparar todo um arsenal de armas e mesmo assim rezar bastante.