A Nintendo não estava a brincar quando disse que queria mudar a forma como se joga Zelda!
Agora que cheguei ao fim, após umas espantosas 120 horas – e continuo a jogar, a acrescentar minutos que se tornam horas de pura exploração por Hyrule – posso dizer que a Nintendo arriscou muito mas a coragem que teve foi largamente compensada.
Todas as notas máximas que Breath of the Wild teve e toda a aceitação por parte do público são provas disso.
Talvez não seja o melhor jogo de sempre, ou sequer o melhor jogo do franchise, mas é fantástico naquilo a que se propõe fazer: dar uma aventura a quem a quiser “viver”.
E é uma aventura pessoal, quase sem qualquer tipo de ajuda. Temos um pequeno tutorial no planalto inicial, em que descobrimos todas as habilidades que nos vão acompanhar durante o jogo todo, mas depois de sairmos desse planalto, somos largados à nossa sorte.
O jogo nunca nos obriga a nada. Dá indicações subtis, mas não força nenhum trilho. E é por isso que no final temos a sensação de termos forjado o nosso próprio caminho.
Todas as armas que encontramos, todos os shrines que conquistamos, roupas que adquirimos, inimigos que derrotamos, lugares que encontramos… Tudo isso faz parte da nossa aventura.
A Nintendo foi exímia em criar uma experiência de descoberta e fortalecimento.
O mapa de jogo é enorme mas incrivelmente belo e fascinante. A forma como foi construído instiga à descoberta. Dá sempre vontade em irmos investigar uma colina ao longe. A curiosidade em ver o que se esconde no horizonte é muito grande e o que ainda torna as coisas melhores, é que quando partimos na direção desse mesmo horizonte fazemos dezenas de desvios, pois encontrámos um lago meio escondido, uma floresta misteriosa, ruínas sombrias ou uma torre que parece roçar o céu.
E, normalmente, todos esses desvios nos dão algum tipo de recompensa. Seja um cofre perdido, uma espada, um escudo ou um objeto raro.
Ás vezes dá vontade de parar e apreciar a natureza em redor. Ver uma veado, ou um cavalo a correr nas planícies ao pôr do sol torna-se, por vezes, bastante bonito.
Ou então escutar a natureza. Toda a variedade de sons disponíveis dão uma outra vida a Hyrule. Adoro entrar numa floresta e escutar o chilrear de pássaros, um relinchar de um cavalo ao longe, o vento a soprar por entre as árvores ou coaxar de uma rã escondida.
A Nintendo conseguiu criar um ambiente muito imersivo neste jogo.
As primeira horas são incríveis, pois a sensação de espanto perante toda a liberdade apresentada é totalmente inesperada. É um vício explorar Hyrule. Dava por mim a querer ver todos os cantos. Só decidi avançar a história após ter jogado largas dezenas de horas.
Depois temos um motor de jogo e uma física incríveis! É fascinante ver o que se consegue fazer neste jogo. Quando eu, logo no início do jogo, por acidente, levei uma tocha comigo para uma zona gelada e percebi que o calor que a tocha emitia permitia-me suportar o frio e explorar aquela área fria sem qualquer tipo de penalização, todo um leque de inúmeras possibilidades se abriu.
A partir desse momento dei por mim a pensar com lógica e a resolver problemas com os materiais à minha disposição, e toda a minha habilidade e astúcia. Existem inclusive, maneiras diferentes de resolver o mesmo problema.
São tantas as possibilidades proporcionadas pelo motor de jogo, que após dezenas de horas de jogo, continua a surpreender-me com novas formas de ultrapassar obstáculos.
Essa liberdade de encontrar as minhas próprias soluções e de poder explorar o mapa gigantesco da forma que quiser, torna tudo mais intimista e recompensador.
No entanto, Breath of the Wild não é perfeito.
Em primeiro lugar, embora isso não me afete demasiado, tenho que referir as quebras de fluidez do jogo. Embora essas quebras tenham sido largamente corrigidas com patches, ainda existem.
A diversidade de inimigos é uma das coisas que mais me desapontou, por exemplo.
A destruição das armas e dos escudos é algo que me parece estar pouco equilibrada. Não é nada coerente que uma espada utilizada por um campeão dure pouco mais que uma tocha num combate.
A chuva por vezes atrapalha mais do que ajuda e chove demasiado em Hyrule.
É, também, muito simples criar refeições que tornam Link muito forte e resistente Seria melhor que houvessem alguns limites.
O voice acting, para mim, é subjetivo. Pessoalmente achei que as vozes foram do mediano ao bom neste jogo.
A história não é nada de extraordinário, mas acho que cumpre razoavelmente bem. Sejamos sinceros, Zelda nunca teve das melhores histórias. Zelda sempre foi jogabilidade, descoberta, aventura e fantasia acima de tudo.
Apesar de alguns problemas de equilíbrio e de diversidade, Breath of The Wild é um jogo monumental. A Nintendo criou um jogo memorável, sem dúvida. Estamos perante uma revolução no franchise e um regresso às origens de forma espetacular.
Não é por acaso que os programadores compararam tanto este jogo ao primeiro The Legend of Zelda. No primeiro jogo também éramos lançados às feras sem nenhum tipo de indicação.
É liberdade, aventura, exploração e descoberta no estado mais crú. É a Nintendo no topo da sua forma. É o regresso triunfal de uma das séries mais impactantes da indústria dos videojogos.
Fantástico, Nintendo. Conseguiste colocar-me de novo com 12 anos.
E como Aonuma disse: ainda há espaço para melhorar!
3 opiniões sobre “Eu parti numa aventura!”