Um dos problemas da maioria dos filmes de terror é as personagens. Normalmente são pouco desenvolvidas, genéricas e sem carisma. Não conseguem envolver emocionalmente quem está do outro lado do ecrã e, por isso mesmo, pouco interessa se elas sobrevivem ou não ao terror que estão a enfrentar.
Em Oculus, Mike Flanagan tenta contrariar esta tendência. É certo que o acontecimento que elas vão ter que lidar não seja nada do que já não tenha sido visto, mas os diálogos e as emoções são retratados de uma forma mais intensa e credível.
E a forma como o realizador conjuga o passado e o presente de forma tão natural, com transições suaves e perfeitamente percetíveis, torna tudo ainda mais envolvente.
Por vezes temos o passado e o presente daquele família devastada a ocorrer quase em simultâneo, mas isso nunca é confuso. Muito pelo contrário, pois traz uma imersão realista e nós, à medida que as coisas vão avançando, vamos ficando cada vez mais ligados aos acontecimentos horríveis daquela casa.
Tememos pelo que vai acontecer e sentimos pena pelo que aconteceu.
O filme tenta também ser ambíguo. Será real? Será imaginação? È tudo culpa de um espelho amaldiçoado? Ou será que vive naquela casa um psicopata? É uma dicotomia que torna tudo ainda melhor e mais vívido.
O elenco está muito bem nas suas interpretações e a cinematografia é muito interessante. Flanagan, possivelmente um nome a reter para o futuro do terror no cinema, conseguiu criar um filme tenso, uma tragédia familiar com fenómenos sobrenaturais e com um final emocionalmente devastador.
Oculus, apesar de não reinventar o género, não é o típico filme de baixo orçamento. É uma pérola que brilha mais no meio de outras tantas.
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