A minha relação com os Óscares mudou ao longo da minha vida. De uma relação de paixão, para uma de indiferença. São as agruras da vida.
Lembro-me, perfeitamente, das noites que passava em claro. A descoberta dos nomeados, as conversas com os meus amigos que também gostavam de cinema, os prognósticos. Um nervosismo e antecipação, que começavam no início da noite e que se prolongavam pela madrugada.
No dia seguinte, as conversas continuavam. Discutia-se a justiça dos vencedores. Lamentava-se a derrota dos filmes que defendíamos.
Lembro-me perfeitamente dessa noites. Guardo bonitas memórias.
Mas, as coisas formam mudando lentamente. Ao longo dos anos.
Talvez tenha começado a perceber que, se calhar, os Óscares não passam de um espetáculo mediático. Sujeito a manipulações, a subornos e a opiniões de massas.
O glamour, os holofotes, os vestidos, as excentricidades, o politicamente correto, os sorrisos plásticos. O brilho falso que, por vezes, ofusca a verdadeira arte.

Talvez tenha amadurecido (na verdade envelhecido).
Já não me interessa se um filme ganhou uma estatueta ou não. Não é isso que faz um filme ser melhor. Não é isso que me leva a procurar pelo próximo filme a ver. Nem é isso que me impressiona, quando está estampado nas capas dos DVD.
Compreendo perfeitamente que existam estes prémios. Continua a ser, apesar de tudo, uma maneira de celebrar o cinema.
Uma maneira que, agora, me diz pouco. Mas é a mim. A muitos outros, proporciona noites em claro.