Aqui está um filme que mostra, de forma muito crua, uma realidade que é desconhecida do público em geral.
Penso que em Portugal ainda não existem os chamados Nigthcrawlers. Pessoas (profissionais ou não), que trabalham pela calada da noite, em busca de crimes e tragédias, para obterem as imagens mais chocantes possíveis.
E que, posteriormente, lucram com essas tragédias humanas, vendendo as imagens da ocorrência ao preço mais alto, dado pelas estações televisivas.
Louis Bloom, interpretado de forma genial por Jake Gyllenhaal, é um indivíduo que, aparentemente, ainda não se encontrou verdadeiramente como pessoa. Passa a vida a roubar, ma sabe que não é isso que quer fazer para o resto da vida.
Louis é demasiado inteligente. Por isso anda a tentar descobrir qual é a sua vocação. Até que um dia percebe que pode ser a filmar acontecimentos trágicos na noite de Los Angeles.
O problema é que Louis, para além de inteligente, também é manipulador. Sabe convencer, argumentar, fazer chantagem e até matar, caso seja necessário para chegar onde quer.
E Louis quer chegar ao topo da sua nova profissão.
E é neste ambiente cru e realista destes repórteres de imagem, que Louis vai trilhando o seu caminho. À sua maneira. Da forma mais assustadora possível.
E é nisso que o filme mais brilha. Jake Gyllenhaal é incrível na sua atuação. Frio, calculista. Vive numa realidade distorcida em que consegue arranjar justificações para tudo. Vive num mundo à parte.
Chega a ser desconfortante. Mas a verdade é que quando há um acidente na estrada, quase todos param para ver. É quase magnético.
Louis percebe isso. E isso vai levá-lo ao topo da cadeia.
Gostei de «Nightcrawler». Do seu estilo Indie, de Gyllenhaal e da forma “crua” como aborda um tema interesante.