Finalmente! Finalmente, alguém trouxe para o cinema, um bocadinho da vida de Stephen Hawking. O senhor inteligente da voz robótica, que jaz imóvel numa cadeira de rodas.
Digo finalmente, porque quem conhece minimamente a vida de Hawking, sabe que existe, por trás de toda aquela genialidade, uma vida passada de sofrimento mas, sobretudo de superação.
Muita superação.
Stephen Hawking, no auge da sua juventude, foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (a doença associada ao «Ice Bucket Challenge»). É uma doença terrível, que vai roubando, progressivamente, a capacidade motora.
Aos poucos e poucos, os portadores vão deixando de andar, de se mexer, de falar, e até de respirar. Tudo o que envolva uma utilização do tecido muscular, deixará de funcionar. A vida vai sendo retirada aos poucos.
Os médicos deram muito pouco tempo de vida ao rapaz que queria ser cosmólogo. No entanto, com muita perseverança, Hawking tem combatido a doença veemente. Para admiração de muitos, ainda está vivo.
«Theory Of Everything», acompanha um pouco desta luta. Dá um destaque muito merecido à primeira mulher de Hawking, Jane (esteve sempre ao seu lado) e percorre momentos chave da sua vida. Alguns são particularmente difíceis e muito emocionais.
Poderia ter um pouco mais de ciência. Afinal de contas, estamos a falar de um dos homens mais geniais das últimas décadas. Mas compreendo que o foco seja mais na parte humana.
Para que tudo funcionasse de forma perfeita, teríamos que ter alguém que soubesse (ou conseguisse) interpretar o cosmólogo da melhor forma.
Eddie Redmaine consegue-o de forma incrível. Ele é Stephen Hawking. A sua transformação ao longo do filme é impressionante. Todos os seus trejeitos, a forma como vai demonstrando como a doença lhe vai tirando a vida pouco a pouco. Simplesmente espetacular o que o ator conseguiu fazer.
Felicity Jones, que interpreta a primeira mulher de Hawking, também está perfeita. Aliás, a cumplicidade entre ambos é tão bem conseguida, que não raras vezes, não é preciso que os dois falem entre si. As emoções são facilmente percebidas.
E depois temos uma banda sonora belíssima. Muito melodiosa, cheia de dor mas ao mesmo tempo de esperança. Um complemento ideal para o que vai acontecendo no ecrã.
«Theory Of Everything» é uma bela e justa homenagem à vida de Stephen Hawking. Mostra que existe muito mais para além de todos os prémios que recebeu, de todos os contributos que deu para a ciência e, principalmente, mostra muito mais para além de uma pessoa imóvel com voz robótica.
Acima de tudo, é uma história de amor. Verdadeiro. Com toda a sua imperfeição perfeita. Com todas as adversidades. Com toda a esperança. Com toda a superação.
Recomento vivamente!