Decidi rever um dos filmes marcantes de John Carpenter, do género do terror, da década de 1970 e do cinema em geral. Ufa! Parece ser um exagero, mas na realidade não é.
Halloween, quando surgiu, tornou-se num expoente de um género que viria a ganhar imensa popularidade. Hoje em dia, está demasiado batido mas, na altura, o Slasher movie era quase um “por caminhos nunca antes navegado”. Pelo menos, daquela forma.
Pronto, talvez esteja a exagerar um bocadinho, mas a verdade é que Carpenter elevou a fasquia em 1978. Um bocadinho à semelhança com o que Christopher Nolan fez com Batman Begins.
A partir desse ano, o género nunca mais foi o mesmo. Halloween estabeleceu standards, deu origem a várias sequelas e criou uma personagem icónica.
A história ocorre no dia em que os mortos são celebrados com abóboras nas janelas, e crianças a pedirem chocolates porta à porta. Um dia, que se vai revelar terrorífico para uma pequena localidade dos EUA, pois um indivíduo (“a incarnação do mal”, segundo o seu psicólogo) após fugir do sítio onde estava preso, começa a satisfazer os seus desejos sanguinários.
A história é bastante simples, mas é conduzida magistralmente por Carpenter. Talvez exista um exagero na forma como se tenta fazer de Michael Myers um demónio à solta. Toda aquela aura de misticismo, especialmente exagerada pelo psicólogo, faz com que Myers se torne numa entidade quase sobrenatural.
Isso depois contrasta, quando ele aparece e começa a chacinar. Vemos que, na realidade, ele é apenas um humano psicótico. Um humano psicótico com muita força, é certo, mas ainda assim um humano.
Digo eu…
Por isso, não gostei muito do final. Sei que fica no ar implícito que o mal nunca morre e tal… Mas, tantos tiros! Hum…
Ah e Jamie Lee Curtis ainda estava um bocado verdinha neste filme.
De qualquer maneira, Halloween é espetacular na atmosfera. Carpenter trabalha muito bem com a câmara, sendo simples e eficiente na forma como aborda o assassino e como o vai mostrando. Vai aumentando a expetativa gradualmente, sem cair na tentação de passar o mais rapidamente possível à parte do esventramento.
Alguns momentos são terríficos. Por exemplo, a cena em que Michael Myers se disfarça de fantasma, com os óculos da sua anterior vitima para enganar a sua próxima vitima, está tão demente, como genial.
Depois, temos uma banda sonora maravilhosa. Incrivelmente adequada e que, quase imediatamente, fica associada ao filme. É simples (mais uma vez) mas muito eficiente naquilo a que se propõe: elevar o clima de ameaça e suspense.
Achei engraçado, quando vi imagens do filme The Thing. Será que John Carpenter fazia ideia que, anos mais tarde, iria realizar o remake (que recomendo vivamente) desse filme? Malandro, o nosso Carpenter!
Halloween é, sem dúvida, um expoente máximo do cinema de terror. Com 36 anos, mantém-se fresco, auspicioso e audaz. Tem talvez um bocadinho de exagero, especialmente no final, mas isso é subjetivo. É na sua “simplicidade” que mais brilha e que, a bem dizer, é uma lufada de ar fresco comparativamente à maioria dos filmes modernos, feitos para a malta com problemas de atenção.
Não estamos a ver um filme. Estamos a assistir a um pedaço de história do cinema.
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