Ao que parece, surgiu recentemente uma nova “febre” no que diz respeito às redes sociais.
Ello, a rede social simples, bonita, sem publicidade e que se compromete a ser uma plataforma independente, livre dos tentáculos das grandes corporações.
Ello promete tentar – digo tentar, porque ainda está num estágio inicial – conectar o máximo de pessoas possíveis, sem fazer delas um produto.
Isto é o que a malta que criou a Ello escreveu.
Obviamente que, com o recente efeito Snowden, com o crescente cansaço relativamente ao facebook e às suas invasões na privacidade e com bastante sorte à mistura, Ello cresceu a olhos vistos.
Tornou-se numa nova sensação. Segundo os seus autores, chegaram a ter 30 mil pedidos de novas contas por hora. Afinal, parece que existe mesmo espaço para uma alternativa viável ao facebook.
Também fui dar uma espreitadela, como curioso que sou. Não tanto pelos valores apregoados (isso mais à frente).
Ello tem um certo charme retro e é muito simplista. Eu sou adepto do minimalismo, e gostei da interface da Ello. Gostei mais da página de perfil do que do stream, uma vez que não sou fã da disposição em mosaico. Nisso sou muito picuinhas.
Fiquei um pouco surpreendido por ter encontrado malta tuga por lá. Quer dizer, na verdade não fiquei muito, pois os que encontrei são aqueles que, como eu, costumam andar sempre na linha da frente no que diz respeito a experimentações e testes.
No final de contas, Ello parece ser muito interessante. Tem a filosofia certa, o design é simples, sem publicidade, botões e o constante “recomendo isto” e “recomendo aquilo”.
Mas não me parece que vá ficar por lá e nem recomendo que o façam.
Se estão à procura de uma alternativa ao facebook, Google+ ou Twitter. Se querem ser tratados como pessoas e não produtos, já existe uma rede social há alguns anos que faz isso e de forma bem melhor.
A Diaspora*, o projeto sensação que provavelmente já ninguém se lembra, ainda continua ativo. Os valores apregoados pela Ello já fazem parte da comunidade Diaspora* há alguns anos, o design também é simples e apelativo e não existe publicidade.
Melhor que tudo isto! É uma rede descentralizada, ou seja, não existe uma corporação por detrás, nem alguém com o poder de controlar o fluxo de informação.
A Diaspora* é uma comunidade de pessoas que partilha livremente em servidores independentes, que se podem conectar entre si. Não existe uma base central.
Qualquer um pode criar o seu próprio servidor pessoal (pod) em casa e conectar-se à rede de servidores já existentes. Eu sei, parece conversa de geeks, mas não é preciso grande coisa para criarem uma conta. Já existem servidores públicos. Basta ir aqui, escolherem um servidor e depois fazer o registo.
A Ello neste aspeto perde, e muito. Apesar de tudo o que apregoa, é uma rede centralizada. Como as outras, com grandes corporações atrás. Pior que isso, foi criada a partir de dinheiro vindo de capitais de risco!
Isso significa que, mais tarde ou mais cedo, quem investiu na Ello, vai querer o dinheiro de volta. Normalmente isso nunca acaba bem. Aliás, geralmente estas novas start ups, quando conseguem reunir uma grande base de utilizadores, são vendidas.
Pode não ser o caso. Mas alguma coisa eles vão ter que fazer para cobrir os custos associados ao serviço. Eles dizem que pensam em ter funcionalidades extras a cobrar. Pode ser que sim.
Mas também pode ser que não.
Quem te vai garantir que os valores que tanto apregoaram continuam a ser cumpridos? Quem vai garantir que não vão subitamente mudar os princípios pelos quais se regem agora?
Suponho que ninguém. Suponho que seja um risco a correr.
Relembro que é uma rede centralizada, como o facebook., ou o Twitter. Os seus responsáveis podem mudar de opinião quando quiserem. E o facebook no início também não tinha publicidade, nem era tão intrusivo como é agora.
Entretanto, passem pela Diaspora* e dêem uma vista de olhos. Ajudem a comunidade a crescer. Lá, quem tem o poder somos nós, os utilizadores.